Bearded Runner on Instagram

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Tens o Mund(o) nos teus pés!



Pergunta 1: Quanto tempo perdem à procura dos novos ténis que precisam comprar porque os antigos já não têm rasto ou o vosso cão os roeu?
Resposta: Muito tempo, demasiado tempo, tanto tempo que até desespero.

Pergunta 2: Quanto tempo perdem à procura de meias próprias para corrida?
Resposta: Não perco. Vou ao Lidl ou Aldi e compro um pack de 5 pares por 10€. TOP!
 

E eu não era muito diferente disto, confesso.
Mas para quem tem uns pezinhos de Cinderela como eu, a saúde deles começou a preocupar-me cada vez mais. Porque se há coisa que eu não gosto nada é de terminar uma corrida ou um treino e ter bolhas que às vezes parecem outro pé, de tão grandes que são. E porque os packs de 5 meias são baratos, mas a qualidade da meia é tão boa que ao fim de duas lavagens o tecido parece lixa. E depois via por essa internet fora malta a fazer provas de 100kms sempre com as mesmas meias e, no final, os pés estarem impecáveis.



Foi então que apresentei o meu projeto para 2018 (que mais tarde vos falarei) ao Nuno Baixinho, o responsável da empresa RUNSOX em Portugal. E a primeira pergunta que me faz foi efectivamente que tipo de meias usava. Envergonhado fui enrolando para não afirmar que o que ele diz é a mais pura das verdades: “Um gajo é capaz de gastar 200€ nuns ténis, mas depois não gasta 10€ num bom par de meias.”

Lá lhe disse que as meias onde gastei mais dinheiro foi numas da marca Injinji, e que apesar de ter feito uma prova de 100kms com elas e os pés terem terminado em condições, gostei pouco da sensação de ter os dedos todos apertados.

E o Nuno “atirou” para cima da mesa alguns modelos da marca Mund e começou a explicar-me que isto e que aquilo, e que o tecido assim, e que a compressão assado, e que a malha coiso, e eu fiquei convencido. Não só porque não percebo nada do assunto, mas porque percebi que o Nuno tem muito conhecimento sobre esta matéria.



E o melhor conselho que vos posso dar é que se dirijam à loja dele e que ouçam, com ouvidos de ouvir, tudo o que ele tem para vos ensinar.


No final, quando me fui embora, levava 3 pares de meias para trail – Mund Trail, Mund Ultra Raid, Gococo Technical Cushion - e um par de meias de recuperação - Technosocks Medical Standard -, e estava em pulgas para as experimentar. E todas, excepto as Gococo, já foram usadas mais que uma vez.

Comecei pelas Mund Trail e a sensação que tive assim que as calcei é que estava a pisar nuvens de algodão. A meia adapta-se perfeitamente ao pé e quase que pensei que podia correr só com elas e deixar os ténis em casa. Só não o fiz porque elas são giras e não as queria estragar. Usei em treinos de estrada e em trilhos, e usei-as em provas de estrada. Curiosamente, foi com elas que bati o meu recorde pessoal na meia maratona! A performance das meias é de facto excepcional, permitindo ao pé respirar e o tecido não abrasa a pele. Não é que tenha chovido durante as minhas corridas, mas senti que os pés estavam sempre na temperatura ideal. Às vezes, com outras meias da treta, ao fim de algum tempo ficava com os pés muito quentes… para não falar das bolhas. Com as Mund ainda não tive este problema, e acredito que não o terei nunca.


Depois de um treino mais puxado, senti algum incómodo nos gémeos direitos e decidi que seria a altura ideal para usar as meias de repouso. Apesar de terem alguma compressão, não é exagerada e a sensação foi igual a usar calças de licra. A parte superior da meia, a costura, mantém o mesmo nível de compressão e para mim é o ideal, porque não gosto nada de sentir a zona abaixo do joelho toda apertada e a dificultar os movimentos. Usei-as desde o jantar até ao outro dia de manhã e senti-me bem melhor. Estas meias servem para ativar a circulação linfática ou o que é, e isso facilita na recuperação muscular. Mais uma vez, melhor do que eu, o Nuno explica-vos isto tudo e muito mais.

E finalmente experimentei as Mund Ultra Raid e… são tudo o que as Mund Trail são mas ampliado umas 10x! São, sem qualquer dúvida, as melhores meias que já usei! E mais não preciso dizer.


Há um “teste” que gosto de fazer ao material que uso, que é usar uma vez, não lavar, e voltar a usar. Podem chamar-me porco, mas quando os treinos são muitos e não há roupa suficiente para fazer uma máquina, há que usar o que já foi usado. Isto permite-me saber a real qualidade do tecido. E ambos os modelos da Mund passaram com distinção. Quando as voltei a calçar depois de usadas, o tecido estava seco e a elasticidade igual. O único senão, o cheiro, mas isso, pronto… 


Falta-me experimentar as Gococo, mas só o farei depois do Trilhos dos Reis, para as testar ainda antes de Sicó.

E vocês, que meias usam e recomendam?


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

EDP Meia Maratona de Évora - uma monumental surpresa.

Há aqueles dias em que tudo nos corre mal durante a prova. Ou porque não levamos as meias preferidas, porque começamos a pensar se desligámos o gás antes de sair de casa, porque nos entra uma pedrinha para o sapato, porque aos 2kms já estamos com vontade de ir à casa de banho, etc etc e tal.. Mas depois há aqueles dias em que os astros se alinham todos e a coisa corre bem. Aliás, até melhor do que alguma vez pensado. Foi o que me aconteceu no dia 26 de novembro na EDP Meia Maratona de Évora, uma prova Running Wonders!



A minha mana já me andava a chatear a cabeça há muito tempo que nunca tinha ido correr a Évora. Que ia a todos os sítios menos ali, uma localidade que até é perto da casa dos meus pais. E algures no inicio de novembro desafiou-me a ir fazer a meia maratona de Évora, enquanto ela e outros membros da família iriam fazer a corrida de 10kms. E como quem desafia paga a inscrição, lá lhe disse que sim. A dois dias da prova diz-me que já não vai à corrida porque tem de ir trabalhar, e lá vou eu sem ela mas com o resto da família.

Encarei esta prova como uma oportunidade de fazer melhor que a Meia Maratona de Lisboa 2017, de 15 de outubro. Os treinos estavam mais em dia e começava-me a sentir bem melhor durante os mesmos. Treinei mais por Monsanto do que em estrada, nunca fiz mais de 14kms, mas acreditava que conseguiria um tempo entre 1h50m e 2h. Não seria o meu melhor tempo de sempre, mas estaria mais dentro daquilo que atualmente o corpo me permite fazer.

A casa dos meus pais é em Mora, que fica a cerca de 60kms de Évora, por isso, a saída ficou marcada para as 8h30. Tempo suficiente para chegar, estacionar e ir para a partida na Praça do Giraldo. Despertador para as 7h para ter tempo de comer em condições, acordo às 7h47 nem eu sei como. Pensei logo que estava a começar mal. A estratégia para a prova foi idêntica à da Corrida do Aeroporto 2017: usar equipamento de trail (meias e ténis) e Tailwind como hidratação/nutrição pré e durante prova. Assim, depois do banho o pequeno-almoço foi pão com manteiga e 250ml de preparado de Tailwind. Os restantes 350ml seria para ir bebendo até meio da prova.

Como eu era o único do grupo a participar nos 21kms, despedi-me deles e fui para a zona da partida, porque tanto a meia como a mini (10kms) começavam à mesma hora e no mesmo sitio, sem caixas de tempo ou de prova, e porque me disseram que ao fim de 200/300m as ruas afunilavam e seria complicado correr. Para quem não conhece Évora, esta é uma cidade onde a maioria dos atletas teriam muitas dificuldades em fazê-la porque estrada e passeio é tudo igual: em pedra da calçada!

Arranquei bem e com ritmo mais acelerado porque não gosto de ir a empatar quem vem atrás. Aproveitei as curvas, em que a malta se atropela para cortar 2metros do percurso pelos passeios, para os ultrapassar e ganhar algumas posições. Os primeiros 3kms da prova foram praticamente sempre a descer. Não há muito altimetria, mas corremos pelas ruas da cidade em ziguezague e acabámos por estar sempre a descer. Felizmente não choveu, ou algumas zonas seriam um autêntico deslizar até parar contra uma parede. Aos 3kms, quando já estávamos fora das muralhas, ia com 14' e a sentir-me bem a todos os níveis. Entrámos numa zona de alcatrão e plana, que me permitiu estabilizar o ritmo entre os 4'30"-4'45". Aos 5kms estava com 23' e começo a fazer contas de cabeça: "Ora, a continuar assim faço 46-47' aos 10kms, depois mais 1hora para os outros 11kms (já a contar com alguma quebra) e consigo acabar ali perto da 1h50'.. TOP!!". Continuei a impor o ritmo a que ia sem grandes dificuldades e bebericando o que me restava de Tailwind. A passagem aos 10kms deu-se aos 46' e tudo parecia bater certo com as previsões.

Comecei a pensar que, com jeitinho, conseguia uma tempo abaixo do que queria inicialmente.

Foi então que em determinadas ocasiões sentia que o estava a abrandar o ritmo. Olhava para o relógio e ia a 4'45". Dava ordem às pernas de acelerarem e elas respondiam de imediato que sim. A partir daqui deixei de olhar para o relógio e ir ao ritmo mais rápido que me fosse confortável. Se rebentasse, rebentava, mas não queria abrandar uma vez que me estava a sentir muito bem, sem qualquer tipo de dores, cansaço físico ou desmotivação mental. Decidi que só iria olhar para o tempo no marco dos 17kms e que queria estar com 1h30', para conseguir fazer os últimos 4kms em cerca de 20' e conseguir o objetivo. Como fui sempre a uma boa velocidade, nunca iam muito atletas ao meu lado. O que fiz foi escolher alguém que fosse uma centena de metros à minha frente e usá-lo como lebre para o ultrapassar. Ao fazer isto, quando dei por mim estava a ver a placa dos 17kms a umas dezenas de metros. Quando estava ao lado dela lá olhei para o relógio e por momentos pensei que alguma coisa estava mal, pois indicava 1h19'!

Comecei a pensar que, com jeitinho, conseguia ter um novo recorde pessoal.

O meu melhor tempo da meia maratona era de 1h43' e alcançado na Meia Maratona de Lisboa 2012. A conseguir manter o ritmo a que ia, ficar muito perto de 1h40' era possivel. Mas os 3kms finais seriam com algumas subidas, não muito inclinadas, mas longas o suficiente para fazer estragos.  Por uma ou outra vez tive de cerrar o dente e "obrigar" as pernas a darem um pouco mais para conseguir correr sempre abaixo dos 5'/km. O que consegui. Voltei a atravessar as muralhas e entrar na cidade, sabendo que os últimos 400m seria muito duros com uma subida de cerca de 10-15%, em calçada. Olhei para o relógio e percebi que se não quebrasse por nada, conseguia um tempo abaixo de 1h40'. Fui ao mais fundo de mim, gritei mentalmente, baixei a cabeça e acelerei com quantas forças me restavam!

Entrada nos últimos 30m, já com o sabor de novo recorde na boca!

Cortei a meta com 1h39'43"!

Esta é a minha cara de espanto por ter feito novo recorde pessoal!



Novo recorde pessoal, objetivo mais que cumprido e felicidade extrema por sentir que corpo e mente reagiram sempre bem. Se calhar alguma das minhas lesões no cérebro fizeram de mim um gajo que aguenta mais e melhor esforços físicos! É nisto que vou acreditar. :)

Quanto à prova, percurso agradável e desafiador, com muita gente a apoiar os atletas, excepto quando estávamos mais afastados da cidade e a percorrer partes de estradas nacionais. Abastecimentos nos sítios indicados e com muito voluntário. Mas, se calhar, dar uma maça inteira num abastecimento não será a melhor ideia! hehe Mais uma vez Tailwind mostrou-se uma muito boa opção, e as meias Mund as melhores amigas dos meus pés!

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Tailwind Nutrition - o combustível dois em um do desporto.

Já é a quarta vez que começo a escrever isto e vou deixar-me de grandes floreados sobre o assunto, até porque quando as coisas são boas não precisamos de as tentar pintar diferente daquilo que elas realmente são.

Eu normalmente não sofro do estômago durante as corridas por coisas que como. A única vez que tive de parar numa prova foi na Maratona de Monsanto, por ter começado a meio de uma tarde quente e abafada, ter bebido alguns 5L de água em pouco tempo e ter ficado com excesso de água a chocalhar na barriga. De resto, posso meter geles e/ou barras à vontade cá para dentro que não me afeta em nada.

No entanto, cada vez se vê mais pessoas a queixarem-se de situações em que desistem de provas por causa de estarem sempre a vomitar (caso do Omar Garcia) ou de pessoas que terminam as provas em sofrimento por causa do estômago (caso do IronEM). E eu, não entrando nestes números, não gosto muito de ter de andar carregado com geles e barras e cápsulas de sal e diabo a sete... 

Assim, foi com muita satisfação que li que havia uma nova marca que prometia ser a nutrição e hidratação necessária para qualquer que seja a prova. Tudo junto! A marca é a Tailwind Nutrition.



O conceito é simples e faz sentido. A energia e os electrólitos que precisamos consumir em forma de pó que dissolvemos na água, para depois, à medida que vamos correndo, satisfazer as necessidades do organismo em termos de nutrição e hidratação de forma continua. A grande vantagem é que ao estarem juntas, a absorção é mais rápida e mais eficaz, evitando que o estômago esteja a trabalhar e a gastar energias que são necessárias para outras funções (correr, por exemplo :D).

Decidi experimentar, claro. Falei com a marca, fiz as minhas perguntas, tirei as minhas dúvidas e encomendei o pack que traz um sortido de sabores. Utilizei por 3 vezes, e é sobre essas 3 experiências que vou falar.

1- Na Corrida do Aeroporto. Foi uma prova de 10kms e usei o Tailwind como pré-prova. Preparei uma saqueta de 200calorias de sabor natural em 0,5L de água e fui bebendo ao pequeno almoço. Levei cerca de 200ml comigo para a corrida que me duraram até meio da prova. Convém dizer que no dia anterior tinha bebido pouca água e que em parte alguma da corrida senti sede, tendo inclusive ignorado o abastecimento oferecido. Nunca senti a boca seca, nunca senti sede e não senti qualquer tipo de quebra por falta de energia. A única quebra foi mesmo por falta de treino e em algumas subidas. A única coisa que aponto foi ter ficado com um sabor muito doce na boca, como se tivesse comido muita fruta, mas percebi na experiência seguinte que se deveu apenas ao facto de ter diluído o Tailwind em pouca água.

2- Treino por Monsanto. A segunda experiência foi por Monsanto, num treino de 14kms feito à hora de mais calor (12:30 às 14h). Desta vez diluí a saqueta de 200calorias (sabor natural) em 600ml de água e a questão da boca doce ficou resolvida. Mais uma vez, durante todo o treino nunca tive sede nem senti quebras de energia porque ia bebendo uns goles de vez em quando. O treino pode não ter sido muito longo ou muito intenso, mas eu sou um gajo que transpira muito, daqueles de deixar a roupa branca do sal, e não só me senti sempre hidratado como ainda sobrou um pouco dos 600ml. Tinha levado outra garrafa de 600ml só com água para beber caso o Tailwind acabasse ou para lavar a boca  do doce, mas nem lhe toquei.

3- Treino por Monsanto com a mana. A minha mana teve a triste feliz ideia de se inscrever na prova mais pequena do MIUT e, por isso, disse-lhe que o melhor era começar a treinar um pouco mais a sério. Combinámos irmos dar uma voltinha por Monsanto com o objetivo de fazer umas descidas. Ao que parece a miuda achou por bem na noite anterior beber uns copos e quando estava a caminho de minha casa já me estava a mandar mensagem a dizer para lhe levar água que estava morta de sede. Era uma boa oportunidade para um novo teste à Tailwind. Preparei uma saqueta de 200calorias (sabor laranja) em 600ml de água e lá fomos à nossa vida. A minha irmã é alguém que corre pouco, acho que nunca correu muito mais que 10kms e os últimos treinos que fez tinham sido de 5kms em passadeira ou plano. Desta vez correu 11kms e com alguma inclinação pelo meio (390D+). O Tailwind foi só para ela e conseguiu que ela se sentisse totalmente hidratada e com energia para fazer o treino completo, que ainda durou quase 2h. Quanto ao sabor, honestamente não senti muita diferença do sabor natural, o que para mim é uma vantagem.

Depois destes três pequenos testes, o Tailwind está aprovado.  Falta-me fazer um teste maior para perceber se de facto faz o que promete. Até porque 2018 se prevê um pouco duro! Está para breve, mas acredito que a opinião se irá alterar.

E vocês, já experimentaram Tailwind? Opiniões?
Se não, o que usam para as vossas corridas/treinos?

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Corrida do Aeroporto 2017 - Resumo da prova

Fiz a Corrida do Aeroporto a primeira vez em 2014. Primeira e única até 2017. Apesar dos meus objetivos passarem pelos trilhos, como ainda não me sinto totalmente apto a grandes aventuras "no mato" e dada a proximidade da prova da minha casa, inscrevi-me. Objetivo: sub50!


O treino, esse, estava aquém do desejado. Não que se precise de treinar muito para uma corrida de 10kms, mas convém fazer os mínimos olímpicos quando traçamos objetivos que poderão ser mais difíceis do que parecem. Na noite anterior, a convite da minha irmã, fui até Sintra ver um teatro imersivo numa "casa assombrada" e só me deitei às 2h da manhã. Uma vez que a corrida foi a 700m da minha casa, aproveitei para dormir o máximo possivel, 6horas!

A prova começa no terminal de carga do aeroporto e termina no mesmo local. Pelo meio corremos pelo novo Eixo Central, pelo Parque Oeste e pela Quinta das Conchas. Este percurso é mais enganador do que parece. Apresenta algumas subidas que, apesar de não terem muito inclinação, são longas o suficiente para moerem as pernas. Já sabia disso, uma vez que é o local onde faço os meus treinos curtos em estrada, e, por isso, consegui gerir o esforço durante toda a prova.

Como é uma prova com um limite máximo de 2500 participantes (que não esgotou), não é preciso chegar muito cedo para se conseguir uma boa posição na partida. À hora marcada, dá-se a partida e ao fim de 200m e duas curvas já tinha saído do grosso do pelotão e podia impor o ritmo a que queria correr. Depois da primeira subida, entramos no Eixo Central, que é plano (naquela zona), e seguimos em direção à Pista de Atletismo Prof. Moniz Pereira. Damos uma volta pelo tartã, saímos e entramos no Parque Oeste. Voltamos a entrar no Eixo Central e seguimos em direção à Quinta das Conchas, que a contornamos - pelo interior - quase na sua totalidade. Saímos e mais uma vez entramos no Eixo Central. Descemos durante cerca de 500, há um ponto de retorno, subimos novamente os 500m e finalmente descemos em direção à meta. No total são 10kms com 160D+, num misto de alcatrão, pedra da calçada, tartã e terra batida.

https://www.relive.cc/view/1252385726


Quanto à minha prestação e ao que me propus, consegui atingir todos os objetivos: sempre a correr e fazer sub50. O facto de conhecer bem as zonas por onde passámos permitiu-me fazer a gestão certa do esforço. Sabia onde podia começar a acelerar nas subidas e ganhei algumas posições nessas alturas. Passei aos 5kms com 24'13" e percebi que ao manter aquele ritmo, o sub50 estava certo. Fiz os 5kms finais em 24'18". OH YEAH!!

Acima de tudo, foi uma corrida que me deu um prazer enorme fazer, não só por ser "em minha casa", como pelas sensações que tive durante a corrida. Não houve cansaço muscular, não houve falta de pulmão, houve apenas falta de treino para conseguir um melhor tempo. Se isto me motivou?! Imenso! O suficiente para 2 dias depois ir fazer um treino de 13,5kms por Monsanto. :D


Os números que importam:
284º da geral
289º do chip
52º do escalão
1º do meu prédio!

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Rock'n'Roll Meia Maratona Santander Totta 2017


Em 2014, depois da Corrida do Aeroporto, escrevi isto: Porque correr é isto mesmo. É passar por um desconhecido e dizer-lhe que "a meta é já ali", que "é só mais um bocadinho" e "vamos juntos até ao fim?", e fazer-se isso mesmo, cruzar a meta com esse desconhecido e saber que nos ajudámos mutuamente. É o que este aperto de mãos representa.


Em 2017, durante a Meia Maratona de Lisboa , eu fui esse desconhecido, onde várias pessoas que passavam por mim ou que estavam no público me incentivaram a continuar. E isto emocionou-me de uma forma que não estava à espera.

Quando em Agosto fui presenteado com um dorsal para a Maratona de Lisboa o meu primeiro pensamento foi que a conseguiria fazer, que a distância não era novidade para mim e que melhor ou pior iria cortar a meta. Comecei a treinar mas só conseguia correr cerca de 10kms, com algum custo, e 1 a 2 vezes por semana. Entretanto inscrevo-me na Corrida do Tejo para me dar outra motivação mas os treinos continuaram iguais. Apesar disso, consegui fazer uma corrida melhor do que esperado. Isto deu-me um acreditar que terminar a Maratona seria, de facto, uma possibilidade. Só que entretanto, a 10 dias da mesma, e com apenas 3 treinos de 7kms, decidi fazer um treino de 21kms para perceber como estava. O resultado foi tão mau que quando acabei o treino enviei uma mensagem a um amigo a perguntar se queria trocar o dorsal dele da meia maratona pelo meu da maratona. Ele queria muito fazer a maratona e eu no máximo conseguiria faz os 21kms. Proposta aceite e em vez de fazer a minha vida para estar em Cascais às 8h, às 8h estava na Estação do Oriente pronto para apanhar o autocarro que me levaria até à partida na Ponte Vasco da Gama. Saí da cama sem vontade nenhuma de ir correr, fui passear o cão sem vontade nenhuma de ir correr, tomei o pequeno-almoço sem vontade nenhuma de ir correr, fiz a viagem de autocarro até à partida sem vontade nenhuma de correr, ter de esperar mais de duas horas na ponte para começar a correr, tirou-me a ínfima vontade que tinha de correr. Cheguei tão cedo que entre mim e a partida só havia a zona de "elite" e os Securitas.


Sentei-me para não cansar as pernas e fiquei na conversa com o João Campos que, na ânsia de fazer PBT e ganhar uma misteriosa aposta, chegou ao mesmo tempo que eu. O sol cada vez mais alto, a temperatura cada vez a subir mais, a hora de partida a chegar e toca de levantar que já não havia espaço para estar sentado, tal a quantidade de pessoas que já se empurravam atrás de mim. Quando faltam  20minutos para a partida tomo um gel da Stealth porque a digestão do pequeno-almoço estava feita e havia que carregar baterias. O pessoal de trás começa a empurrar cada vez mais, dá-se a partida para os da frente e os Securitas continuam à nossa frente de braços abertos a não deixar passar.  Primeiros gritos a exigir passagem e lá se desviam. Arrancava para conquistar mais uma meia maratona!


Como estava mesmo à frente e não gosto de ir ali a empatar quem vai para correr rápido, também eu tento ter um arranque veloz. Ao fim de 500m já tinha a boca completamente seca e respirava de boca aberta. Olhei para o relógio e ia à estonteante velocidade de 4:30/km. Como senti que a respiração estava a estabilizar, decidi manter aquele ritmo até sair da Ponte. Seriam 6kms e pouco menos de 30'. Nos meus pensamentos comecei a criar a estratégia para a prova: fazia o primeiro terço a este ritmo, o segundo terço a uma velocidade menor que me permitisse descansar as pernas e recuperar fôlego, e o último terço da prova num processo de aceleração continua para acabar a prova em grande.

Quando passei aos 7kms a média estava nos 4:35/km, o que era a velocidade a que corria quando o treino estava no seu auge e quando fiz o meu melhor tempo numa meia maratona. (Sou um gajo que facilmente se deixa levar pelo coração em vez da cabeça. Por isso, quando aos 7kms me sinto bem, lá se vai toda a estratégia ao ar.) Mas ao entrar no Parque das Nações e passar nos primeiros túneis o ritmo abrandou um pouco para os 5:30/km. E em vez de continuar àquele ritmo mais lento, forcei para os 5/km. Nada de grave até chegar aos 10kms, onde, apesar das oscilações de ritmo, fiz um tempo de 49'. Novamente, comecei a pensar que podia fazer um tempo próximo das 1h50'.

Até que cheguei ao km12 e, tal como no outro treino, comecei a quebrar. Mas uma quebra que me obrigou mesmo a caminhar. O calor que se fazia sentir, a juntar às condicionantes da EM, deixaram-me num estado de cansaço muscular e respiratório que não me permitiu correr mesmo que lentamente. A cada abastecimento bebia uma garrafa de água e despejava outra pela cabeça e pelos braços, numa tentativa de arrefecer o corpo. Foi aqui que começaram a passar as primeiras pessoas que me cumprimentavam, perguntavam se estava tudo bem e me incentivavam a não desistir. E quando alguém abranda ou para de correr para saber como estás, é algo que mexe connosco.

Daqui até à Praça do Comércio foi um constante entre correr, trote e caminhar. Queria começar a subir ao Marquês com 1h30' e já ia com pouco mais de 1h40'. Tinha pouco menos de 20' para fazer os cerca de 3kms que faltavam e conseguir um sub 2h. Se alguma réstia de esperança tinha, rapidamente desapareceu quando tive de voltar a caminhar ao passar nos Restauradores. Instalou-se algum desânimo que só era interrompido quando, em sentido contrário (a descer a Avenida da Liberdade), me cruzava com alguém que me reconhecia e gritava pelo meu nome ou me desejava força. E nem mesmo quando já estava no sentido descendente a coisa ficou mais fácil e só não caminhei mesmo por vergonha.



Enquanto descia a Rua Áurea olhei para o relógio e já estava com um tempo acima das 2horas. Dos três objetivos a que me propus para esta prova (correr sempre, ficar abaixo das 2h, sobreviver para contar a história), sabia que só conseguiria cumprir o último. Curva para a esquerda, curva para a direita, entrar no tapete vermelho e cortar a meta com 2h03m11s! Não foi de todo o meu melhor tempo, mas também não foi o meu pior. Acima de tudo fiquei feliz por ter terminado e por ter decidido, mesmo que à última da hora, trocar de prova. Penso que tivesse ido à maratona, havia uma grande probabilidade de desistir.

Os punhos cerrados é de satisfação por cruzar a meta.


Sobre a prova e a organização, muito se tem falado que falharam nisto e naquilo, que cada ano está pior, mas eu apenas posso falar daquilo que vivi e presenciei.
Levantamento do dorsal: A esmagadora maioria acha que não se justifica estar mais de 1hora para entrar na feira. Quando fui à Maratona de Madrid esperei o mesmo ou mais tempo para entrar na feira e outro tanto para ir à pasta party. O que acontece é que, com uma feira aberta desde quinta-feira, muitos decidiram ir só no sábado levantar o dorsal. O único erro que aponto é terem aberto as portas só às 10h. A possibilidade de trocar de dados lá também foi algo positivo.

Horários: A partida da maratona às 8h parece-me bem, a partida da meia maratona às 10h30 já não. O maratonista amador médio demora cerca de 4horas a completá-la, e o meio maratonista amador médio demora cerca de 2horas a completá-la. Se o arranque das provas tivesse uma diferença de 2h em vez de 2h30, haveria uma maior enchente de atletas a chegar ao mesmo tempo, aumentando assim a festa. Mais, quando a meia maratona começa às 10h30 e o último autocarro para a partida é às 9h, significa que mesmo assim tem de se esperar mais de 1hora numa ponte apinhada de gente, sem espaço para alguém se mexer ou sentar, e debaixo de um sol abrasador.

Abastecimentos: O primeiro abastecimento foi aos 6kms e foi apenas de água. A partir daqui ou era água, ou isotónico, gel e ainda houve um de sólidos com bananas e laranjas. Nunca senti que o espaçamento entre os abastecimentos fosse longo demais e em todos havia suficiente para quem lá passava. Seja uma prova de estrada ou de trilhos, nunca as encaro indo totalmente dependente dos abastecimentos da organização, por isso levo sempre alguma nutrição comigo e faço a gestão com aquilo que sei que vou encontrar.

Percurso: A partida de cima da Ponte é sempre giro, dando-nos uma vista fantástica sobre o Rio Tejo e a cidade. Como desta vez os percursos da maratona e da meia maratona não se juntarem, nem haver retorno a meio da prova, faz com que se consiga manter o focus na nossa corrida e não em tentar encontrar aquele amigo que vai numa prova diferente. ajuda também a não desanimar a ver passar por nós os primeiros quando ainda nem chegámos a meio. O facto da prova terminar no centro da cidade, em vez de perto  dum Centro Comercial no Parque das Nações, fez com que as ruas estivessem cheias de pessoas a apoiar-nos. Muitos deles turistas, é certo, mas eram os que faziam a festa ao longo do percurso. Uma grande enchente espanhola que gritava tanto para os seus compatriotas como para os restantes. As ruas entre o Rossio e o Arco da Rua Augusta fizeram-me lembrar a Maratona de Madrid onde tínhamos metro e meio de rua para corrermos, tal eram a quantidade de pessoas a ver-nos e a aplaudir.

Medalha e ofertas finais: A medalha finisher não só é bem gira como ainda tem espaço para se poder gravar o nome e o tempo de prova. No saco com a água e banana, o pacote de leite era dispensável. O gelado de água em vez do Magnum de champanhe do outro ano foi uma melhoria. Se bem que uma garrafa de isotónico seria o ideal.


NOTA FINAL: Quero agradecer a todos os que me cumprimentaram ou que abrandaram para saber se eu estava bem ao longo da prova, e pedir desculpa a todos aqueles a quem não respondi, mas a verdade é que a luta que travava para continuar levou-me todas as forças. Mas todas as lágrimas que libertei durante e após a corrida foi por vossa causa. Até breve, numa estrada ou num trilho.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

Decisões nada fáceis.

 
 
Ser-se inteligente também é conhecermo-nos a nós próprios, as nossas capacidades em determinado momento da nossa vida e as lutas que podem ser travadas.

E, neste momento, vivo uma espécie de paradoxo no meu cérebro, onde metade diz que consigo e a outra metade diz que talvez não seja bem assim. Passo a explicar:

A Corrida do Tejo deu-me um boost de ânimo incrível por ter conseguido um tempo abaixo do esperado e, acima de tudo, por ter consigo meter a cabeça a trabalhar quando as pernas queria abrandar. E saí de lá a pensar que a Rock 'n' Roll Lisbon Marathon seria uma hipótese viável. Que, melhor ou pior, a conseguiria terminar. Mas passei a semana seguinte sem treinar vez nenhuma, tendo decidido no domingo passado ir fazer um treino "longo". Queria fazer 21kms e perceber como é que as coisas estavam realmente. Decidi começar o treino no Parque das Nações, correr 10.5kms em direção à Estação de Santa Apolónia e voltar para trás. O terreno é plano e não teria de me preocupar em desviar-me de carros durante o trajeto todo. Às 18:30 (+/-) comecei o treino. As pernas estavam relativamente soltas e os pulmões a bombear ar com facilidade. Fiz os primeiros kms a um ritmo estável de 5:30/km, ritmo que pensava usar na maratona. Este ritmo permitiu-me chegar aos 10kms com um tempo de 59' e a sentir-me bem a vários níveis. Mais uma vez, como na Corrida do Tejo, quando as pernas queria abrandar, dava ordem à cabeça para as meter na linha, e elas lá coltavam ao ritmo que pretendia. A primeira vez que bebi água foi aos 13kms, quando já estava de novo a chegar à marina. Quando parei para beber e quis arrancar, as pernas mostraram-se muito relutantes em fazê-lo. Rapidamente estava a correr a um ritmo perto dos 6:30/km e quando pensava em acelerar, a coisa durava pouco tempo. Ao chegar aos 15kms de treino ia com 1h30m. Pensei para comigo "15+15= 3horas... +12kms= 1h10m... com jeitinho acabo ali pouco acima das 4h.". Foi também aqui que decidi enviar mensagem à namorada a avisar que estava bem e já a voltar para o carro. Ora como enviar mensagens e correr não dá muito jeito, parei. Parei e quando quis arrancar de novo, as minhas pernas pareciam as das estátuas que estavam ao meu lado: de pedra e sem se mexerem. Arrastei-me por mais 2kms até dar o treino por encerrado, totalizando 17kms em 1h44m.

Este treino fez-me perceber que a maratona no dia 15 de outubro não será a melhor ideia para quem ainda não está a 100% e está sem treino indicado para uma distância de 42kms. Já me doía os gémeos da perna esquerda (que foi o lado mais afetado pela perda de força) e por muito que a cabeça dissesse para as pernas se mexerem, não havia hipótese delas o fazerem. Caminhei os cerca de 700m que me separavam do carro e, enquanto o fazia, enviei mensagem a uma pessoa para saber se queria trocar o seu dorsal da meia maratona pelo meu da maratona. Houve resposta positiva da pessoa e um email enviado à organização a pedir a troca de dados (a qual ainda não teve resposta).

Assim, é muito provável que no dia 15 em vez de partir de Cascais, parta da Ponte Vasco da Gama e tenha de levar, ali nos kms finais, com a bomboca de subir a Avenida da Liberdade. Esta decisão não foi tomada sem pensar bem nela e, apesar de confiar em mim, acho que não vale a pena ir castigar o corpo com uma coisa que não me vai trazer nada de fantástico para a vida. Prefiro terminar a Meia Maratona mesmo que em dificuldades, do que arrancar para a Maratona e ter de desistir a meio, onde, provavelmente, nem haverá público para me ajudar. Pode ser que, entretanto, a coisa melhore, faça mais alguns treinos decentes e "pingue" um dorsal para a Maratona do Porto de alguém que não possa ir. :)

domingo, 1 de outubro de 2017

Corrida do Tejo 2017 - Quando um erro compensa.

A Corrida do Tejo 2017 ficou marcada por 3 acontecimentos, onde apenas dois deles mereceram destaque nos grandes meios de comunicação: a vitória masculina de Jesus España, um atleta espanhol; a vitória feminina por parte de Ercilia Machado, mesmo depois de uma queda logo nos primeiros 30/40metros; o engano do Bearded Runner que lhe permitiu fazer um tempo muito abaixo do esperado. Claro que sobre este último acontecimento só eu é que falo, mas pronto...





Mas vamos lá ao que interessa. Esta prova marcava, para além de um regresso mais auspicioso às corridas, o correr a primeira vez com a tshirt mágica da SPEM.



Depois da Corrida Sporting, em que não consegui fazer o tempo que queria por segundos, fui para esta com pouco treino mas com vontade de baixar dos 60minutos. Mais uma vez, pode parecer um tempo modesto para quem já correu 10kms em 42', mas as coisas são como são e tenho de me adaptar ao que tenho agora. Em agosto corri 3 vezes e em setembro fui um "treino" de bicicleta e corri 2 vezes, sempre distâncias abaixo dos 10kms. Apesar disso, no dia da prova, às 9:10 estava a estacionar o carro em Algés. Desta vez fui sozinho e, enquanto estava na minha zona de partida, senti um nervoso que já não sentia há algum tempo.

Sabendo de antemão que não iria conseguir um tempo maravilhoso, mesmo assim enviei um comprovativo de um tempo abaixo dos 45', de outra prova, e consegui um lugar na caixa sub45 e na primeira vaga. Fi-lo consciente que se partisse muito atrás e a ter de ultrapassar muita gente, não conseguiria meter um bom ritmo inicial e que comprometeria o tempo que queria obter. Assim, antes da partida, enquanto estava no meu mundo de pensamentos, olhei em redor a tentar encontrar o pacer dos sub50, de forma a colar-me a ele quando passasse por mim.

Tiro da partida e lá vou eu. Comecei a um ritmo ao qual há muito não corria, abaixo dos 5'/km, e parecia que ia a uma velocidade estonteante. Neste primeiro km fui ultrapassado por quase todos os que estavam atrás de mim, só ultrapassando velhotes que, vá-se lá saber como, partem nestas corridas colados ao grupo da elite, e vão o caminho todo a andar e a prejudicar quem lá vai para correr. Entretanto, vejo a passar ao meu lado um pacer, olhei para a bandeira mas estava toda enrolada e não dava para perceber qual era. Assumi que era o sub50 e mantive um ritmo em que ia atrás dele uns 100m. Estava a sentir-me bem, as pernas estavam a responder e os pulmões a trabalharem bem. De vez em quando olhava para o relógio e percebia que, se conseguisse manter aquele ritmo, conseguiria um bom resultado. Mas isto era anda o inicio da prova, onde tudo é plano. Quando cheguei à primeira subida, ali ao lado do Jamor, embora as pernas continuassem a responder, o ritmo passou logo para a casa dos 5.20-5.30'/km. Foi aqui que tive de usar a cabeça pela primeira vez e obrigar as pernas a não abrandarem. Pensamento de "sou capaz" e quando dei por mim já estava a descer. Aqui, como em outras ocasiões, tive de me lembrar do que o grande José Carlos Santos (que me preparou para o MIUT em 2016) me disse sobre aumentar velocidade. Não é alargar a passada, mas sim aumentar a cadência da mesma. E na descida já estava a abrir demasiado as pernas.

Por esta altura estava a aproximar-me do meio da prova e o pacer já era um ponto vermelho lá ao fundo. O problema de provas de estada com grandes retas é que vemos a malta lá ao fundo mas estão mais longe do que parecem. Encosto-me à esquerda para apanhar uma garrafa de água e quando olho para a direita o que vejo?! Outro pacer com uma bandeira azul... A bandeira não estava enrolada e, para meu espanto, era o pacer dos sub45'! Ou seja, durante 5kms corri atrás do pacer dos sub40' quando pensei ser o sub50'. Isto deu-me um ânimo extra de que estava a correr tudo bem. aliás, melhor que o esperado! Decido fazer o que fiz com o outro e tentar acompanhar à distância. Se o conseguisse manter debaixo de olho até ao fim, provavelmente conseguiria um tempo abaixo dos 50'.

Mas ali a partir dos 7kms começou a custar. As pernas não conseguiam manter o ritmo, por muito que a cabeça dissesse para acelerar. Tenho, inclusivamente, de parar um pouco para passar beber água e lavar a cara. O calor já se fazia sentir com força e as minhas pernas estavam a perder as forças. :) Quando me recompus, arranquei e ao chegar à ingrata subida dos 8kms, sou ultrapassado pelo pacer dos sub50'. Sabia que um tempo abaixo dos 50' estava fora de questão, mas teria de manter um bom ritmo para não deitar tudo a perder nos últimos 2kms. Fechei os olhos, cerrei os dentes e gritei mentalmente para as pernas se mexerem ou atirava-as ao mar.

Entro no último km, olho para o relógio e marcava 48' e fiquei naquela "Sub60' já faço de certeza, sub50' já não faço de certeza, mas um sub55' é bem possivel!". Decido que depois de contornar a rotunda em direção à meta que ia fazer um sprint final, mas não passou apenas de um pensamento, pois as pernas não aceleravam mais nada. Ao aproximar-me da meta vejo o tempo e ia ficar na casa dos 53'.

Cortei a meta com uma alegria tal que mais parecia que tinha feito uma maratona em menos de 3h! Fui buscar a medalha e tive pena de não ter lá a namorada para o beijinho da vitória e a mana para a foto da praxe. Consegui, desta forma, atingir o objetivo de melhorar o tempo da última prova e ficar num tempo próximo daquele que fazia quando comecei nisto das corridas. Há ainda trabalho para fazer, mas esta corrida deu-me outro ânimo para encarar a Maratona de Lisboa no dia 15 de outubro. Mais uma vez, não vou lá para melhorar tempo pessoal na distância, mas sim para a terminar sem problemas. Se o vou conseguir, acho que sim. Basta meter a cabeça a funcionar quando as pernas quiserem desistir.


Sobre a organização e prova em si. É uma prova que gosto e onde não inventando muito conseguem ter algo de muito positivo. O percurso é desafiante o suficiente para se tentar, anos após ano, bater recorde pessoal, temos o mar a brindar-nos mais de metade da prova, é um percurso propício a que haja público a incentivar-nos e há animação em vários pontos. Os blocos de partida e as vagas também ajudam a quem de acordo com os seus ritmos, o pessoal não se ande a empurrar/acotovelar/pisar durante a parte inicial. É daquelas provas onde realmente gosto de participar.