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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Aprender a andar.

Ao contrário dos animais, quando nascemos não temos a capacidade de andar, nem tão pouco o conseguimos fazer após dias, semanas ou meses. Um animal quando nasce consegue dar os primeiros passos ao fim dos primeiros minutos; nós, somos completamente dependentes nos primeiros anos de vida.

Primeiro temos de conseguir ter força para aguentar o peso de uma cabeça demasiado grande para um corpo frágil. Depois conseguimos rebolar. Gatinhamos e, por fim, damos os primeiros passos. Posso dizer que, ainda hoje, estou a aprender a andar. Quantas e quantas vezes, ainda tropeço nos meus próprios pés ou em qualquer pequena elevação estranha no chão. Por isso, se ainda mal sei andar, muito menos sei correr. Podem dizer que correr é só meter um pé à frente do outro a uma velocidade mais rápida que se fosse a caminhar, e não estão totalmente enganados. Acontece que, ao dar estes passos mais rápidos numa estrada que não seja regular - imaginemos um trilho -, é preciso conseguir coordenar esses movimentos com a visão e com as ordens vindas do cérebro. E isto, parecendo que não, é das coisas mais complicadas que existem. Não há uma única vez que vá correr em que não torça um pé, dê um pontapé numa pedra ou raiz e que quase me mate colina abaixo. É justo dizer que não sei correr. É com grande preocupação que penso que tenho 115kms para percorrer em finais de Abril, muita preocupação mesmo.

Mas só correr não chega. Ou melhor, convém ter ajuda para correr. Assim, no passado domingo, fiz o meu primeiro treino com bastões. O que me deixou ainda mais apreensivo em relação ao MIUT - Madeira Island Ultra Trail. É que, se não bastasse já a dificuldade em coordenar pernas, pés, olhos e cabeça, agora ainda tenho de conseguir coordenar braços e bastões. Tudo ao mesmo tempo. O bastão direito acompanha o pé esquerdo e o bastão esquerdo o pé direito, mas, às vezes, vão os dois bastões ao mesmo tempo enquanto os pés continuam alternados. Mais, tenho de conseguir enfiar as mãos pelas correias enquanto corro e antes de chegar a uma subida, tirá-las quando acabar de subir e carregar os bastões durante os 115kms que me separam de Porto Moniz a Machico. Ainda estou a aprender, os bastões ainda se atravessam à frente dos meus pés quando aparece uma curva ou quando sigo por um trilho mais técnico, ainda não consigo perceber bem como é que me vão ser úteis a descer quando tudo me atrapalha mais do que ajuda.

Sei apenas três coisas: vou mesmo precisar deles, vou meter ter de aprender a correr com eles e vou mesmo ter de trabalhar estes braços sub-desenvolvidos no ginásio para aguentarem a sova que vão levar.